Esse Ésse

26-08-2009

(por Leo Carvalheira)

Serei sucinto:

Se Seu Samuel souber saciar sua sede sem se sujar

Sorte sua

Safado saiu sem sequer sangrar

Saqueou sua segunda sogra

Sábado soltou segredos sem surdina

Sonhou sem saber

Será sua sina

Suar sem se satisfazer?

Surtou, sufoco, sofreu

Sentiu saudades

Sossegou, seguro

Soube ser seu

Simplesmente sem se sobrepor

Sem se subestimar

Sem se superestimar

São só símbolos, semblantes, silhuetas

Só servem se Seu Samuel souber semear sua sabedoria

Só será sereno se souber sambar

Só sendo sensato, sagaz

Sãos se salvem, surgiu satanás

Sua santa sucumbiu

Silêncio sonoro soou

Só seu sorriso sobrou

12/05/2009

Escrevo…

25-08-2009

(por Cadu Braga)

 

Escrevo em meio à madrugada e ao fumo, meus presságios da poesia ainda morta

De trago em trago, resplandeço-me da inspiração frenética que não acompanha o ritmo de meus dedos,

De leves carícias no papel branco, nascem sentenças ainda limitadas, e que assim sempre serão…

Por que falsos poetas teimam em ficar horas de suas vidas tentando expressar coisas que palavras não se dignificam?

Afinal, se a língua limita o sentimento, por que tantos escrevem?

Escrevo inicialmente, para manter-me vivo, atento à minha desatenção, para ascender a um plano que não se ascende. Logo escrevo pela simples contradição da vida de nossos dias, se a vida que nos é posta, valoriza primeiramente a “pronto-entrega”, as reações imediatas e sem reflexão, escrevo pela pré-meditação das expressões dos pensamentos, e escrevo pelo anseio utópico de escrever o que não se escreve.

Eis que sou cego, em uma terra de surdos mudos. Eis que meus pensamentos se substanciam como os botões das flores do cactos…

Assim continuo a escrever, escrevendo dou vida à minha existência, e de sentimento em sentimento, nasce algo…

Que todos venham ver!

Nasce hoje o messias para todos os loucos desse mundo regrado, moral e “certo”; que se fez falso poeta, que se faz sentir, mas nunca se fará digno de meras palavras, por isso muitos não vêem, por isso muitos não lêem, e por isso menos ainda escrevem.

Ah! Se soubessem o bem que se faz presente nessa droga de prazeres incalculáveis, porém a loucura e o frenesi, logo dão lugar a um palco de cortinas fechadas, aonde o público não vê os personagens.

Muitos denominarão esta obra, de desabafo, autoterapia, entre tantas outras sistematizações possíveis, para denominar algo que não passa de um escrito sobre o que não se escreve. Este messias recém nascido, aguarda ansioso na barra da saia da mãe, por irmãos, para que juntos cresçam, e se desenvolvam… pobre criança, mal sabe que os rumores sobre sua casa, são de que a família foi tocada pela esterilidade. Mas se este se fez vivo, outros virão… assim a criança sente o doce afago da mãe Esperança.

A madrugada segue, e continuo a escrever… já sinto-me mais aliviado, esse tóxico corre por minhas veias, e desperta-me.

Acendo um cigarro, este que será essencial nesse momento de desconectividade, junto à brasa está minha anti-empiria, e junto ao fumo está meu anseio por escrever…

Não sei por quanto tempo durará, porém sei que escrever está diretamente ligado com os sentidos. Sinto, logo sempre tentarei inutilmente me expressar.

E aí está meu sentido para viver. Não o meu sentido para existir.

Por Cadu Braga

Arte (Latim Ars, significando técnica e/ou habilidade) geralmente é entendida como a atividade humana ligada a manifestações de ordem estética, feita por artistas a partir de percepção, emoções e ideias, com o objetivo de estimular essas instâncias de consciência em um ou mais espectadores.

 Não é preciso ir muito longe para reparar que nos dias de hoje, a arte se manifesta em fases, são ondas que arrebatam multidões condicionadas por um conceito comum de “legal” (“cult”, “desconhecido”, “roots” ,entre outros…). Essas ondas são por sua vez regidas, seja pelo mercado da cultura, seja por um estilo de vida que as pessoas desejam se adequar, trocando em miúdos não se dá de forma natural.

         O que ocorre hoje em dia, é que conteúdos artísticos são aplicados nas massas, para que essas então se subdividam automaticamente de acordo com as mais diversas características em comum. Porém essas “aplicações” de arte, se dão pela vontade de terceiros, assim com os interesses de terceiros, o que abre a possibilidade da arte se tornar algo descartável, algo passageiro, algo morto.

         Dito isso, o que se dá por arte? E o que é dado em troca por esta? 

         Vivemos sob um sistema capitalista, que nos coloca em total dependência do dinheiro, logo artista é de fato uma profissão. Porém há muito mais além de apenas um reconhecimento monetário considerado justo para com aquele que proporciona emoções por meio de sua arte.

         Artista é uma profissão, repito, mas a arte não pode ser prejudicada por um sistema que busca o lucro exacerbado acima de tudo e todos. Os artistas devem ser reconhecidos e recompensados, porém aqueles que colocam sua arte (por mais refinada que essa seja) aos caprichos do mercado se posicionam como cafetões dessa dama chamada Arte. Os artistas não se alimentam de sua arte, é a sua arte que por sua vez lhes proporcionam alimento. 

         Por isso sejamos arteiros, brinquemos com a arte! Para que essa seja nossa amiga e não nossa prostituta. Para que a arte nos proporcione uma vida melhor, alcançada com reconhecimento e não com acordos que ditam o valor de nossa arte!

         Arteiros para mostrar ao mundo todo de que não é aquele que tem mais, que é mais feliz, e sim aquele que é mais feliz, é de fato aquele que tem mais.

Uma lombra…

23-08-2009

(por Leo Carvalheira)

 

Mermão, deixa eu arriar minha lombra em paz,

doido, pare de arriar minha lombra, rapaz.

Tu só nos tráz medo

Eu só quero viver

A lei só quer dinheiro

 

Gente enxerida

Cuida da vida dos outros

 

Saiba que toda polícia é facista

Toda polícia é facista

 

“Não importa os motivos da guerra”

Disse o sábio,

“A paz ainda é mais importante”

“Não existe caminho para a paz, a paz é o caminho”

“E se houvesse guerra e ninguém fosse?”

São frases célebres, feitas pra

Você aí fardado, robozinho do Estado

Você aí fardado, bonequinho do Estado

Você aí calado, também é explorado.

 

Não fale da minha santa

Maria Joana, que a polícia não propaga a paz

Como faz essa Santa planta

Maria Joana

Maria Joana

 

É por isso que eu pratico a arte livre

É por isso que eu me ponho a ler um livro

só de grana, só de grana não se vive

amor na grama, pés na lama, sigo vivo

 

Pois é, perdeu a razão

Jogue a arma no chão

A liberdade não é assim

E o maior ladrão

É o seu patrão,

O Estado.

Saia dessa, vá por mim,

mô véi.

por Alcione Araújo

(extraído de http://www.aquijazzmusic.com.br/news/esquizofrenia.php)

Os números revelam grande desinteresse pela arte. Nem os 55 milhões envolvidos na educação usufruem da produção artística.

Os Números são eloqüentes: dos 186 milhões de habitantes, a educação – Estudantes e professores, de ensino fundamental ao doutorado – envolvem 55 milhões. Cotejar esses números com os da produção artística é deparar-se com outro país. A tiragem média de um romance no Brasil é de 3.000 exemplares; a ocupação média dos teatros, de 18%; em crise, as gravadoras têm números pífios, e a média de espectadores de filmes brasileiros, de 250 mil, está em180 mil em 2006.

Os números revelam enorme desinteresse pela arte e, deduz-se, cresce a distância entre os significados percebidos pelo público e o conteúdo latente das formas de expressão. Nem os 55 milhões envolvidos na educação usufruem da produção artística. O país vive esquizofrênica fratura: uma educação sem cultura e uma criação artística sem público. A economia pode até crescer, mas cresce sem alma.

Criação da subjetividade, de percepção subjetiva, as artes interagem com as demais metáforas – filosofia, antropologia, sociologia etc. – criadas pela sensibilidade e razão humanas para se entender, entender o mundo e se entender no mundo. Braço sistematizado da cultura, a educação tem métodos, normas e hierarquias para realizar a transmissão do saber. A expectativa é que, vivendo o processo -graduar-se, digamos – se esteja preparado e motivado para fruir a arte de várias épocas nas suas várias formas. O que se vê, porém, são médicos que jamais leram um romance, engenheiros que nunca foram ao teatro, advogados que não vão ao cinema, dentistas que não se emocionam com a música etc.

Na origem do fenômeno, uma sociedade que não tem a educação e o saber como valores, mas sim como meios de ter uma profissão e se inserir na produção, assegurar o emprego, prescinde-se da qualidade no ensino, ou, num utilitarismo ingênuo, se dá diploma, cumpriu o papel.

Sem minimizar a importância do emprego num país carente dele, com tal visão, a educação renuncia a função de desvelar universos e se limita a formar mão-de-obra mais ou menos qualificada. Compelida pelos vestibulares, a idéia reflui aos níveis médios, reduzidos a cursinhos preparatórios. O pragmatismo expulsa as disciplinas chamadas de humanidades, que dão lugar àquelas de especialização prematura. Nessa moldura, a missão da universidade – universalização do saber pelo tripé da formação do profissional, do cidadão e do homem – torna-se uma trajetória de adestramento para a produção.

A história reconhece na aliança entre educação e cultura a primazia de criar sonhos e inventar meios para realizá-los. O valor simbólico da cultura fecunda o processo civilizatório, dos valores às leis, da política à vida. A herança de colonizado, a exclusão social e a elitização da cultura atrelam o futuro da produção artística ao que a educação lhe reservar. A cultura é dependente da educação. Se não cumpre sua missão, sufoca as artes. Não se pode pensar a educação sem cultura, nem a cultura sem educação.

No espectro cultural, há um vácuo entre arte popular – autônoma à educação – e arte tradicional, dita do espírito. Tentou-se fazê-las dialogar num amplo projeto nacional popular abortado pela ditadura. No “gap” entre as duas, irrompeu a indústria audiovisual de entretenimento, hoje hegemônica. O público, além de introjetar valores dessa indústria, assiste à contaminação da cultura do espírito e da cultura popular pela anódina cultura de massa. Ao artista, resta o desalento por sua obra não chegar ao público, não emocioná-lo nem levá-lo a pensar. Artista e arte perdem a função, o público empobrece e estreita o horizonte da sociedade.

Não se formam platéias e as obras não circulam; não se viabiliza economicamente a produção, cujo custo crescente a torna mais dependente do Estado, suscetível à discriminação política e acomodação estética – o artista inibe a própria ousadia. À falta do público induzido pela educação, a produção artística se autodesqualifica na busca de audiências que não a reconhecem e perde o público cativo remanescente.

” Educar não é apenas qualificar para o emprego, nem a arte é apenas adorno que aguça a sensibilidade. Há uma dimensão humana que, sem educação e cultura, nada agrega como experiência coletiva nem alcança a plenitude como experiência individual capaz de discernir e ser livre para escolher. E, sem isso, não podemos dizer que somos realmente humanos.”

 

Alcione Araújo, 56, pós–graduado em filosofia, é romancista, dramaturgo, cronista e roteirista de cinema.  É autor de “Urgente é a Vida” (prêmio Jabuti 2005)

Artigo publicado no Estadão em 2007 

Quem somos?

21-08-2009

(por Leo Carvalheira)

A idéia é reunir um número ilimitado de músicos para que desse grupo saiam bandas e projetos para tirar a música do armário, pôr-la na rua, ao alcance de todos, num Movimento Independente e Ilimitado. Fizemos em apenas 5 minutos uma lista com mais de 30 músicos que conhecíamos. Além de expandirmos o nosso próprio conhecimento e contatos na música, a idéia também é expandir a própria música, a própria arte e a cultura pelo mundo afora, ou até onde alcançarmos. Uma malha de contato entre músicos que fizessem música juntos e misturados. Não com todos os músicos juntos, mas com diversos projetos compostos por diversos membros do grupo. Projeto Pink Floyd, Projeto Samba, Projeto Tim Maia, Projeto Bob Marley, Projeto de música autoral, etc. Núcleos com número ilimitados de integrantes. Cada um pode criar projetos, é livre, contanto que consiga levar pra frente… Enfim, essas são idéias futuras, para quando já estivermos estruturados.
 
Então, pra começar, a idéia era ter alguns núcleos tocando em barzinhos com o nome do Movimento e fazer festas temáticas para arrecadar dinheiro para o Movimento, pra comprar instrumentos, alugar estúdios, e, quem sabe, conseguir um espaço para nos fixarmos.

Atravéz desse blog, desenvolveremos as idéias expostas acima, como “o que significa ser um Movimento Independente” ou “Criação de projetos”, assim como os primeiros projetos e passos para sairmos da inércia. Além disso, postaremos aqui notícias ou artigos relacionados com o cenário da música independente.